Blog educacional
Artigos sobre educação física
Roberta
Educação física é uma área do conhecimento humano que estuda as práticas corporais desenvolvidas histericamente pela sociedade, envolvendo dimensões como lazer, esporte, saúde, educação e reabilitação. Mais do que a simples execução de exercícios, trata-se de um campo pedagógico, científico e terapêutico, que contribui para a formação do ser humano e para sua integração social.[1]
A atuação da Educação física abrange o desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e social dos indivíduos, desde a infância até a vida adulta. Está presente em contextos escolares, clínicos, esportivos e sociais, promovendo valores como disciplina, cooperação, respeito às diferenças e qualidade de vida. Para atuação na área, entende-se como capacitado legalmente em tal área de atuação profissional quando graduado no curso superior de Educação física, podendo optar entre licenciatura (voltado para atuar em escolas de ensino básico) ou bacharelado (voltado para atuação fora do âmbito escolar).
Aspectos históricos da educação física
Antiguidade
Olimpia, Grécia, berço dos Jogos Olímpicos
Embora seja reconhecidas manifestações de práticas corporais em variadas sociedades da antiguidade, tais como a egípcia,[2] babilônica, indiana[3] e chinesa,[4] a educação física passou a ter grande notoriedade e importância cultural na antiguidade grega.[5]
Idade Média
Ilustração feita por Gustavo Doré para o livro "The Days of Chivalry: Or the Legend of Croquemitaine", ilustrando um cavaleiro
Com a ascensão do Cristianismo, a consideração sobre a importância do corpo que existiu na antiguidade, sobretudo grega, foi alvo de análises e críticas. Nesse sentido, não apenas as práticas atléticas, mas o amplo de sensações e prazeres corporais, tornaram-se vistos como fontes de corrupção e pecado.[6] Todavia, essa suspeita em relação ao corpo que podemos ver, entre outros, em autores da patrística, não deve deixar de lado que estudiosos evidenciam que durante a idade média o corpo e suas práticas gerou olhares diferentes que tensionavam, por exemplo, o elogio da virgindade e castidade.[7] Um exemplo dessa tensão entre criticar e elogiar o treinamento corporal com finalidades religiosas, é cavalaria medieval.
Idade moderna
A retomada do estudo da anatomia humana foi fundamental para a expansão da educação física. Em destaque a obra do anatomista Andre Vesalius
No processo de transição do feudalismo ao capitalismo, é possível que verificar que a relação entre práticas corporais e educação ganhou importância. Durante o renascimento cultural, foi importante nessa a retomada de autores da antiguidade que ao ponderarem a educação, defendiam a importância da educação física, da ginástica e das competições, tais como os jogos olímpicos. Como consequência, muitos filósofos e educadores passaram a defender que as crianças e jovens fossem educados por meio de práticas corporais e com grande atenção à saúde.[8]
Educação física como área de conhecimento
No Brasil, a formação profissional de professores e profissionais de educação física acontece no nível superior. Ao lado dessa formação inicial dos futuros profissionais e professores de educação física, existem cursos de pós-graduação em stricto-sensu, em nível de mestrado e doutorado, que agrega pesquisadores que produzem conhecimentos sobre variados aspectos relacionados à Educação física.[9] A formação da Educação física como área de conhecimento evidencia influências oriundas de diversos países nas discussões e ações que levaram a atual configuração acadêmica da área. As influências americanas e alemãs estão entre aquelas que mais influenciaram o modo como a área de educação física se estruturou nas instituições de ensino e pesquisa no Brasil.[10]
A Educação física e as ciências do esporte
Existe ainda muita confusão acerca das duas graduações. É muito comum as pessoas confundirem o curso de Educação física com o curso de esporte ou ciências do esporte.[11] No entanto, quem se forma em Educação física terá matérias mais ligadas às áreas de Ciências Biológicas e da Saúde, preparando-se para uma atuação diretamente ligada ao ensino pedagógico e à aplicação de atividades físicas para pessoas ou grupos, seja em ambientes escolares, seja em academias e centros esportivos. Já o formado em esporte ou ciências do esporte, atua como técnico, em preparação física de atletas, gestão e marketing esportivo e organização de eventos esportivos. Em geral, esses profissionais disputam as mesmas vagas no mercado de trabalho.[12]
A educação física escolar
A inclusão das práticas corporais nas estruturas formais de ensino se consolida no século XIX em todo o mundo. Mesmo que ainda não chamadas de "aulas de educação física", a progressiva inclusão da ginástica nas rotinas das escolas culminou com isso que hoje conhecemos como o componente curricular educação física.
No caso do brasileiro, as práticas corporais executadas nas escolas aconteceram sob a influência do exército, da medicina e do esporte. O quê determinou que os professores de "educação física" assumissem posturas semelhantes, respectivamente, às de sargento, médico e técnico desportivo.[13]
A crise da educação física
Com o processo redemocratização da sociedade brasileira nos anos 1980, a educação de forma geral e a educação em particular passaram a questionar seus papéis na história e na atualidade da sociedade brasileira. No caso da educação física brasileira, esse amplo processo político de uma sociedade que tinha passado por duas décadas de uma ditadura civil-militar estimulou pesquisadores a elaborarem pesquisa tanto sobre a história da educação física brasileira,[14] quando de seu lugar nas estruturas educacionais. Essas reflexões passaram a serem conhecidas como "crise da educação física",[15] ou seja, congressos e publicações vieram a público para reivindicar mudanças nos papéis das aulas de educação física na ensino básico do país, gerando o movimento renovador da educação física brasileira.[16]
Novas abordagens pedagógicas
Como resultado dos debates políticos, epistemológicos e pedagógicos envolvendo tanto a educação física como área de conhecimento quanto componente curricular da educação básica, nas décadas de 1980, 1990 e 2000 foram foram propostas abordagens pedagógicas à educação física. De formas diferentes, cada uma dessas abordagens criticavam a ênfase esportivista e sem bases pedagógicas que predominava no contexto da educação física escolar brasileira.[17] O número e denominação das abordagens variam. Castellani Filho (1999) organiza essa variedade, classificando as abordagens em abordagens não propositivas e abordagens propositivas. As abordagens propositivas, por sua vez, são divididas em abordagens propositivas não-sistematizadas e abordagens propositivas sistematizadas: